Ao perceber que a caçula começou a notar diferenças entre ela e o irmão, Luciana Aparecida de Moraes Correa se preocupou rapidamente em esclarecer algumas questões.
“Aproveitei para sentar com ela quando já tinha uma certa vivência, com seis anos, e comecei a usar a linguagem dela. Falei: ‘Você já percebeu que o Pedro troca a letra “r” pela “l” quando fala?’ E ela disse que havia percebido. ‘Então, por isso que ele precisa fazer fono. Você já percebeu que o Pedro, quando chega na escola, está num canto, sozinho, sem ninguém? Por isso que ele precisa ir à terapia’. Comecei a mostrar as diferenças”, relembra.
Usando a linguagem mais lúdica possível, a mãe de Pedro explicou à Manuela: “‘Todas essas situações fazem o Pedro ter uma palavrinha que se chama Autismo, que apenas determina que em algumas situações ele possa ver as coisas de forma diferente. Às vezes, pra gente é fácil e pra ele não. E a gente precisa trabalhar isso aí’. E ela logo começou a ter uma compreensão da situação”, esclarece.
Michelli Miguel de Freitas acredita que Benício, irmão mais novo de Diogo, que tem TEA, ainda não está pronto para uma conversa complexa. “Aos poucos fomos introduzindo o entendimento de que o irmão tinha mais dificuldade em uma área do que em outra, que ele ainda não havia aprendido algumas coisas e que tínhamos que ensiná-lo com calma e paciência. E, gradualmente, fomos dando nomes a estes comportamentos que o irmão tem, explicando que se trata de Autismo, mas sem focar muito nisso, pois é algo muito complexo”.
Na avaliação da neuropediatra Deborah Kerches, é essencial falar de maneira descomplicada, mas direta. Com a ajuda da profissional, listamos algumas dicas:
– Os pais devem explicar que o irmãozinho tem Autismo e que por isso se comporta, brinca, sente, aprende e se comunica de maneiras diferentes de outras crianças. Mas que ele também gosta de brincar, que tem capacidade para aprender;
– Dizer que a criança pode ajudar no desenvolvimento do irmão e ter momentos incríveis juntos;
– Orientar os irmãos sobre como conversar com a criança com TEA: falar diretamente com frases curtas; usar palavras simples; evitar uso de gírias, trocadilhos, metáforas, duplo sentido;
– Evitar sempre afirmações generalizadas como “autistas não gostam de abraço”, “autistas não fazem amigos”, entre outras;
– É muito importante não falar sobre a criança com TEA como se ela não estivesse presente. Vale lembrar que ela pode entender o que acontece à sua volta.
– Explicar que pessoas com Autismo podem ter dificuldade em fazer ou manter o contato visual, de aceitar o toque, de entender a função de um brinquedo, mas não significa que não queiram brincar;
– Alguns não desenvolvem a fala, mas se comunicam de outras maneiras;